terça-feira, 1 de junho de 2021

A Crise de 1929

Thomas Hart Benton. America Today – Instruments of Power (1931), painel pintado à óleo. 233,7cm x 406,4cm.

    A Crise de 1929, também conhecida como A Grande Depressão, foi um forte colapso econômico que, devido a integração do sistema capitalista, atingiu inicialmente o capitalismo americano e, consequentemente, o mundial. Gerou um caos tremendo nos Estados Unidos e em muitos outros países, impactando em diversos problemas econômicos e sociais para a população mundial, onde, fora os Estados Unidos, o maior atingido foi a Alemanha. Não trata-se apenas como algo marcante só da história norte-americana, mas também da história global, mediante seus impactos. A crise começou a partir de outubro de 1929, se estendeu até o ano de 1932 e foi se esfriando verdadeiramente até o ano de 1939.

- Os Ciclos Suaves.

    Antes da Primeira Guerra Mundial, o mundo dos negócios estava acostumado com ciclos suaves. Os países capitalistas, incontestavelmente, sempre sofrem ciclos de subida e de descida em suas economias, onde, nenhuma apresenta linearidade em seu desenvolvimento, ou seja, há períodos de crise e períodos de desenvolvimento. Na época dos ciclos suaves ocorreram poucas crises ou quase nenhuma e quando ocorria, não tinham grandes e longos efeitos, sumiam rapidamente, isto, devido o nível de desenvolvimento das economias terem sido inferior comparado ao nível pós Belle Epoque e Revolução Industrial, de modo que, após esses períodos o mundo se desenvolveu cada vez mais e cada vez mais rápido, assim, as crises se tornaram mais severas. 
    Por sempre estarem com suas economias nos ciclos suaves, praticamente nenhum governo usava mecanismo de controle da inflação, desta forma, o estouro da bolha de 1929 pegou muita gente desprevenida.

- O Contexto Alemão.

    Retornando ao colapso mundial que a Grande Guerra provocou, afetando duramente a economia dos países europeus, onde, a Alemanha foi a mais afetada mediante o Tratado de Versalhes, esta, que saiu da Primeira Guerra derrotada e ainda teve que custear todos os prejuízos, de modo que, no ano de 1923, um dólar americano valia em torno de um bilhão de mequéns alemãs. Como estava em uma crise profunda e com sua moeda valendo quase nada, alguns países se solidarizaram para reestruturar o mercado alemão, emprestando dinheiro aos alemães para que sua economia voltasse a funcionar minimamente. A situação degradante da Alemanha, que estava tentando se recuperar de um duro golpe, tomou uma rasteira enorme com a crise de 1929, pois, os banqueiros americanos começaram a solicitar a repatriação de todo dinheiro emprestado, o que quebrou mais ainda a Alemanha. Em meio a essa situação complicada que a Alemanha estava mergulhada acabou dando forças e impulso ao terrível nazismo, visto que, todos os alemães estavam profundamente quebrados e por esta razão, grande parte do povo alemão acabou abraçou o nazismo.

Obs.: Embora estivesse lutando contra a Alemanha na Grande Guerra, o auxílio dado pelos Estados Unidos em sua reestruturação, poderia até ter um quê humanitário, mas por trás tinha também o interesse em criar laços com os alemães, visto que ainda eram uma potência mundial.

- O Isolamento Russo.

    Em 1924, algumas coisas começaram a mudar na Europa, com a criação da União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS), antes Império Russo. A partir desse ano, algumas coisas coisas que os revolucionários da Revolução Russa de 1917 queriam começaram a acontecer, como por exemplo: a extinção do império russo e a transformação da Rússia em uma super potência mundial.
    A crise de 1929 não gerou nenhum impacto na União Soviética, pois, diferente dos outros países, ela não estava integrada ao restante da economia capitalista mundial, visto que foi isolada desde 1924 pela diplomacia das grandes potencias, esta, que tinha como proposito combater o "perigo vermelho" (comunismo), o qual seria a possibilidade da mesma revolução que ocorreu na Rússia se replicar em outros países. Adotaram então uma politica que ficou conhecida como: ”A política do cordão sanitário”, que isolava a Rússia dos demais países, onde, suas interações com o restante do mundo só foram reestabelecidas após a Segunda Guerra Mundial. Sem nenhuma interação econômica com nenhum outro país, a URSS não sofreu interação nenhuma da crise, totalmente o oposto, lá na Rússia estavam vivendo uma economia completamente diferente da do restante do mundo.
    Por serem uma nação de grande território, a União Soviética se autossustentável no quesito serviços básicos, não precisavam de nenhum pais de fora. Além disso, o seu próprio tipo de regime, que permitia uma exploração da força de trabalho de forma extensiva, mantia sua economia funcionando bem. Lá era crime não trabalhar, sem mencionar os benefícios estatais que os trabalhadores mais produtivos recebiam, o Stankhanovismo (movimento soviético, criado pelo mineiro Alexei Stakhanov, que defendia o aumento da produtividade operária com base na própria força de vontade dos trabalhadores). Ou seja, por ser obrigatório trabalhar e pelo incentivo do trabalho, havia grande produção e desenvolvimento da URSS, por meio da força de trabalho, além de que, os dividendos desse trabalho voltavam aos trabalhadores numa intensidade maior do que no mundo capitalista afora. Consequentemente ao aumento da força de trabalho, houve o crescimento da produtividade da união soviética, tornando-a em uma super potência mundial.

- Os Eufóricos Anos 20.

    Com o fim da Primeira Guerra Mundial, a condição dos países europeus caiu em declínio mediante suas perdas e gastos com a guerra, praticamente todos entraram em processo de reestruturação. Muitos passaram da condição de exportadores para importadores e o país que mais estava em condição de exportar no momento era os Estados Unidos, visto que, sua indústria não foi negativamente afetada, pois não houve confronto no território americano, além dos ganhos que obteve com os investimentos enviando equipamentos e comida para os países vencedores da guerra, acumulando cerca de 2 milhões de dólares, o que na época era muita coisa. A produção total norte-americana aumentou em mais de 50%, se tornando o país responsável pela produção de 42% de todas as mercadorias feitas no mundo, além de ser o país que mais emprestava dinheiro para as nações europeias, que estavam em processo de reconstrução.
   Houve um rápido crescimento da economia americana após a guerra, assumindo o posto de maior economia mundial da época, assim, a década de 1920 foi um período de grande euforia econômica e popular, ficando conhecido como "Roaring Twenties", traduzindo para o português,  Os Loucos Anos 20. Esse momento da história americana ficou marcado principalmente pelo avanço do consumo de mercadorias, trazendo o "American way of life", o estilo de vida americano, de forma que, essa euforia econômica refletiu também na população a partir de um consumismo acelerado, levando as pessoas a comprarem carros e artigos eletrodomésticos, como o rádio, de maneira desenfreada. Esse consumismo exacerbado, em sua maior parte foi devido a expansão do crédito que aconteceu no país sem nenhum tipo de regulação do estado, ou seja, muitas pessoas podiam pegar dinheiro emprestado com os bancos e gastarem e aplicarem onde bem entendessem, muitas ficando ricas do dia para a noite. Com isso, todo tipo de pessoa começou a investir na bolsa de valores, a maioria, sem terem conhecimento algum, cativando a especulação monetária, pois, essas pessoas compravam ações na intenção de que estas se valorizassem para depois revendê-las. Esse processo fazia com que os valores das ações aumentassem, devido o grande número de compradores e criava uma falsa sensação de prosperidade, ocasionando na criação da bolha, que muitos não viram mas que estava preste a estourar. 
   
- O Afogamento Norte-Americano.

    A explicação clássica da crise de 1929, parte inicialmente do crescimento de produção nos Estados Unidos, consequente do crescimento de sua economia após o fim da Grande Guerra, mas, esse crescimento produtivo foi descompassado com a capacidade de consumo, ocasionando na grande bolha que estourou no ano de 29.
    Mediante o estado durante a guerra e o pôs guerra, como auxiliador na reestruturação dos países por meio das exportações, os Estados Unidos obteve um grande crescimento em várias áreas da sua economia, só que esse crescimento industrial foi muito mais acelerado que o crescimento de consumo, do consumo também dos países que exportavam dos Estados Unidos, basicamente, eram tantas coisas sendo produzidas e a certo preço, que muitos países optavam em não exportar essas compras, alguns consideradas até irrelevantes para eles. Esse "boom" descompassado, considerado também uma das causas da crise de 1929, teve como causa a falta de fiscalização e regulamentação do setor econômico e produtivo.
    Além dessa falta de regulamentação, onde, muitas pessoas que não sabiam como a bolsa funcionava pegavam dinheiro emprestado do mercado financeiro e compravam ações, além disso, havia também muitas empresas fantasmas que colocavam seus valores na bolsa, tais valores que na verdade não existiam, não valiam o que diziam que valia e muitas pessoas acabavam comprando as ações dessas empresas. Com a falta de regulamentação, tais pessoas que colocavam os "papeis podres", as falsas ações na bolsa, pegavam o dinheiro investido neles e investiam em coisas reais, como em ouro, terras, imóveis e etc.
    Com o estourar da bolha e a exposição da real condição da economia americana, milhares de pessoas venderam suas ações no dia 24 de outubro de 1929, tal dia que ficou conhecido como Quinta-feira Negra, onde, mais de 12 milhões de ações foram colocadas à venda, deixando o mercado financeiro em pânico. Essa situação se estendeu por dias tendo seu ápice na segunda, dia 28. Como consequência imediata, o valor das ações despencou, e bilhões de dólares desapareceram, quebrando a economia dos Estados Unidos.

- As Consequências e a Tentativa de Estabilização com o New Deal.

    A ciranda de irregularidades, que foi destruindo a economia americana aos pouso pela falta de uma fiscalização que regulasse as atividades econômicas e a inflação, atrelada à falta de estratégia de produção que proporcionasse um controle de produção, que visasse produzir apenas o que o mercado poderia absorver, ocasionou em diversos problemas para os Estados Unidos e para o mundo. Entre eles:
  • O PIB dos Estados Unidos caiu aproximadamente 50%;

  • A taxa de desemprego que antes era 4%, alcançou 27%;

  • A taxa de importações caíram 70% e a de exportações caíram 50%;

  • A produção industrial caiu cerca de 1/3, sendo reduzida a taxa de produção de automóveis em 50%;

  • Milhares de empresas e bancos faliram;

  • Milhares de pessoas perderam instantaneamente seus patrimônios, visto que muitos deles estavam atrelados ao valor especulativo da bolsa e que desapareceram com a quebra da mesma.

  • A economia de diversos países em torno do mundo também entrou em queda, e a taxa de desemprego disparou mundo afora. Sendo os países europeus os mais atingidos, mediante o fim da Grande Guerra.

  • Com essa crise assolando majoritariamente a Europa, houve o impulsionamento dos fascismo e os ideais de extrema-direita na política europeia durante a década de 1930.

    O período mais crítico foi do ano de 1929 a 1933, após esses anos, os efeitos da crise foram enfraquecendo, principalmente por causa da intervenção do Estado americano na economia com a criação do New Deal (Novo Acordo), que se tratou de um plano econômico criado pelo presidente Franklin Delano Roosevelt e alguns economista, que buscou uma recuperação econômica segura e gradual controlando o progresso econômico dos Estados Unidos.
    Mesmo com a crise, as economias cresceram após ela, mas, não cresceram no mesmo volume que caíram, desta forma, muitos países demoraram de repor o que foi perdido, cada um tentava resolver seus problemas em particular, gerando uma estagnação da globalização e promovendo o retorno do protecionismo econômico. 

    Contudo, a economia americana teve sinais, durante os anos XX, de que todo aquele êxtase econômico e prosperidade financeira, uma hora viria abaixo, 1929, foi só o estouro disso tudo. Ou seja, a ganância acabou cegando os americanos da possibilidade de seu grande castelos de cartas ser derrubados com um simples arremesso de uma bola de papel, que poderia ter sido evitado.


Referências e Fontes de Conhecimento:

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