sexta-feira, 28 de maio de 2021

A Semana da Arte Moderna de 1922 e o Modernismo no Brasil

Tarsila do Amaral. Abaporu (1928), óleo sobre tela. 85cm x 72cm.

- A Semana da Arte Moderna (1922).

    Foi a primeira manifestação artístico-cultural do nosso país a favor de um novo e moderno espírito cultural, artístico e histórico que fosse em oposição ao conservadorismo da época. Ela é de enorme importância para a história brasileira, pois, agiu como um sintoma da crise da Republica Oligárquica, surgindo por intermédio de artistas e intelectuais que buscavam provocar o questionamento de "O que o Brasil era?" e "O que o Brasil deveria ser?". Este evento quebrou algumas concepções antigas, questionando os padrões antigos, padrões esses contidos também na politica da época, que até o período era bem tradicional.
    A Semana da Arte Moderna teve como algumas características e contribuições para o nosso país: Ausência de formalismo; Crítica ao modelo parnasiano; Influência das vanguardas artísticas europeias com o o cubismo, dadaísmo, expressionismo, surrealismo e futurismo; Fusão de influências externas aos elementos brasileiros; Liberdade de expressão; Aproximação da linguagem oral, com utilização da linguagem coloquial e vulgar; Tornou-se um indicativo de que certas transformações estavam por ir; Houve uma renovação cultural permanente no Brasil; Integrou-se ao grupo das grandes correntes artísticas mundiais; Trouxe uma nova identidade cultural brasileira genuína; Deu ênfase no estudo do folclore e das tradições indígenas e africanas; Propôs uma revisão acerca das representações históricas sobre o Brasil;  Atenuou a importância do regionalismo trazendo temáticas nacionalistas e cotidianas; entre outros.
    Alguns exemplos de artistas que participaram do movimento:

  • Pintores: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Ferrignac, Vincent do Rego, entre outros.

  • Escultores: Victor Brecheret, Hildergado Velloso, Wilhelm, entre outros.

  • Arquitetos: Antônio Garcia Moya, Georg Przyrembel, entre outros.

  • Poetas e literatos: Graça Aranha, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Tácito de Almeida, Manuel Bandeira, entre muitos outros.

  • Músicos:  Villa-Lobos, Guiomar Novaes e Ernani Braga.  


    A partir da Semana da Arte Moderna, o Modernismo começou a se desenvolver no Brasil, apresentando três fases. 

- Primeira Fase, A Fase da Destruição (1922-1930).

    Iniciada com a Semana da Arte Moderna, em fevereiro de 1922,  vêm com a proposta da libertação cultural por meio da destruição dos velhos tabus do conservadorismo, presente em nossa arte e cultura até o momento. Focando na busca de uma renovação cultural brasileira, apresentou os ideais da liberdade e do nacionalismo crítico, sendo características importantes das produções artísticas do período.
    Teve como algumas caraterísticas:

  • Releitura crítica dos símbolos da nacionalidade;

  • Liberdade de criação;
     
  • Antiacademicismo;
     
  • Uso da Ironia;
     
  • Aproximação entre fala e escrita;
     
  • Releitura do passado histórico;
     
  • Abordagens regionalistas;

    Como principais autores e obras temos:
  • Oswald de Andrade, com Memórias Sentimentais de João Miramar (1924), Pau-brasil (1925); 

  • Mario de Andrade, com Macunaíma (1928); 

  • Manuel Bandeira, com Libertinagem (1930);

- Segunda Fase,  A Consolidação do Modernismo (1930-1945).

    Após consolidada a ideia de uma cultura nacional e de uma estrutura modernista, a segunda fase do modernismo focou mais nos temas relacionados às crises contemporâneas, como por exemplo:
  • A existência do ser humano no mundo;

  • A angústia inerente à condição humana,

  • A vida cotidiana e seus problemas;

  • A miséria agrária

  • A incompetência dos órgãos políticos.

    Como Principais autores e obras temos:
  • Carlos Drummond de Andrade, com Alguma Poesia (1930) e A Rosa do Povo (1945);

  • Vinicius de  Morais, com Novos Poemas (1938);

  • Cecília Meireles, com Poemas Negros (1947);

  • Rachel de Queiroz, com O Quinze (1930);

  • Graciliano Ramos. com Vidas Secas (1938);

  • Jorge Amado, com Capitães da Areia (1937), Mar morto (1936), Gabriela, cravo e canela (1958), Dona Flor e seus dois maridos (1966).

- Terceira Fase,  A Geração de 45 (1945-1960): 

    Surge após o final da Segunda Guerra Mundial e do fim do Estado Novo de Getúlio Vargas, focando mais na metafísica e no hermetismo. Como características temos:
  • A volta do rigor formal;

  • Uma valorização da construção dos poemas e a preocupação com a materialidade (ritmo e espaço);

  • Ampliação da capacidade de significação dos textos;

  • Abordagem de temas sociais, morais e políticos.

    Basicamente, os maiores temas abordados pela arte da terceira fase modernista foram:
  • Os questionamentos místicos, metafísicos,  a essência do ser e do mundo;

  • A angústia diária e existencial;

  • Os males trazidos pelos destroços da guerra;

  • A busca pela resposta de algumas perguntas como "O que fazer?" "Qual é a essência humana diante de tantas falhas da cultura e da civilização?" e "Onde está Deus?".

    Tendo como principais autores: 
  • João Cabral de Melo Neto, com Morte e Vida Severina (1955);

  • Clarice Lispector, com A Hora da Estrela (1977);

  • João Guimarães Rosa, com Grande Sertão: Veredas (1956);

    Dentro da primeira fase do modernismo no Brasil tivemos alguns manifestos nacionalistas interessantes e que merecem ser destacados, pela importância histórica.  

- Manifesto Pau-Brasil (1924).

    Publicado em 18 de março de 1924, esse manifesto tendia um pouco para a esquerda política e apresentou uma proposta de vincular a nossa literatura à verdadeira realidade brasileira e às características culturais do povo brasileiro, tendo como objetivo, causar um sentimento nacionalista e uma retomada de consciência nacional. Não se negava totalmente a integração de outras culturas exteriores, mas sim defendia a autonomia da arte brasileira como foco principal, no sentido, de que a poesia nacional deveria ser natural, “caipira” e identitária.

- Manifesto Verde-Amarelismo (1926).

    Politicamente, era o movimento mais a direita possível, surgiu como resposta ao movimento do Pau-Brasil, em 1926. Pregava um nacionalismo ufanista, onde, o principal objetivo era o de estabelecer um nacionalismo puro, primitivo e sem qualquer tipo de influência exterior. Uma parte desse movimento se transformou no "Grupo da Anta", que representava a proposta de um nacionalismo primitivo, de modo que o animal "anta" fosse escolhido como símbolo nacional e a vangloria da língua Tupi. Alguns dos simpatizantes do Movimento Verde-Amarelo fundaram e alimentaram o movimento integralista brasileiro na década de 30. 

- Manifesto Antropofágico (1928).

    De posição política mais a esquerda possível. Em resposta ao Manifesto Verde-Amarelo, surge da radicalização do primitivismo do movimento do Pau-Brasil, acreditando que deviam "comer outras culturas e se apropriarem dela", com o quadro Abaporu de Tarsila do Amaral, em que seu nome significa "homem que come". Apresentava uma atitude brasileira de devorar as cultura europeias, mastigando todas as suas influências para que as incorporemos de maneira próspera, no intuito de superar essas civilizações. Devido seu nome chamativo, foi o manifesto  que mais ficou marcado.

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