sexta-feira, 23 de abril de 2021

A Implantação da República no Brasil

 

Pedro Bruno. A Pátria (1919), óleo sobre tela. 190 cm x 278 cm.


     O Brasil se viu sob os domínios da monarquia por muito tempo, até que, de uma hora para a outra, passou a ter como regime político a república, onde, tal regime foi imposto pelos "grandes" e abraçado pelo povo com o passar do tempo. Inicialmente, precisamos entender que a implantação da república no Brasil inicia-se com a tríplice crise da monarquia, a qual destruiu totalmente a sustentação desse regime aqui e fortaleceu o movimento republicano, que toda a maioria política passou a apoiar.  

  • A Primeira Crise: Foi de cunho religioso, se tratou dos desentendimentos entre Igreja e Império. No período monárquico, existia o padroado, o qual, o monarca tinha controle da igreja, desde missões até as atuações de padres. Desta forma, a igreja e seus assuntos administrativos estavam intimamente ligados com a política monárquica. Entretanto, tinha alguns assuntos que embora administrativos tinha um certo fundo doutrinal, como a questão da maçonaria, por exemplo. A maçonaria esteve presente em praticamente todos os processos revolucionários desde a Revolução Francesa, um exemplo de suas atuações no nosso país são: Na inconfidência Mineira, Revolta dos Alfaiates, Revolução dos Búzios etc. Ela começou a crescer bastante no Brasil, atingindo até a Igreja, onde tínhamos padres maçons, bispos maçons etc. Mediante isto, algumas ordens religiosas chegavam no Brasil, só que pela existência do padroado, teriam que passar antes pela aprovação do imperador, que na maioria das vezes, arquivava essas ordens, o que gerou um certo desentendimento entre as partes, de modo que, dois arcebispos decidiram confrontar o imperador, o qual, acabou ordenando a prisão desses arcebispos, originando uma grande revolta e insatisfação da igreja e do povo ao imperador.

  • A Segunda Crise: Essa foi de cunho militar. Durante a Guerra do Paraguai, a nossa força militar da época levou um grande tapa de realidade, pois, quando encontraram com as forças de outros países, como a da Argentina e do próprio Paraguai, notaram que a situação deles eram muito melhor que a dos militares brasileiros, em que, muitos daqui nem tinham um uniforme decente, eram mal armados, mal pagos entre outros fatores comparativos. Perceberam então que a relação dos outros países com suas respectivas forças armadas era, enormemente, melhor que a do imperador do Brasil com os militares brasileiros, notaram também que militares estrangeiros tinham grande participação na política de seu país, já aqui no Brasil eles eram meio que "capachos" de D. Pedro II. A partir desses fatos, cria-se uma crise militar opondo-se ao governo monárquico. 

  • A Terceira Crise: A queda do terceiro pilar da monarquia, que culminou numa crise, foi o pilar que era sustentado pelos barões. Esta crise se inicia após a abolição da escravatura, onde, a monarquia fez a promessa de que os senhores que tivessem a posse de escravos e os libertassem, por consequência da Lei Áurea e a abolição da escravatura, receberia uma indenização pelas perdas que teriam com o "fim" da escravidão, acontece que, a monarquia não pagou essas indenizações aos barões lesados. Gerou-se então mais um conflito, este de cunho baronial, onde muitos deles aderiram a ideia da república liberal. Sendo essa crise, a "gota d'água" para a sustentação do regime monárquico no Brasil.

     Militares e políticos decidiram então aplicar um golpe de Estado político-militar, no dia 15 de novembro de 1889,  que instauraria a forma republicana presidencialista de governo no Brasil, encerrando a monarquia constitucional parlamentarista do Império e destituindo o então chefe de Estado, imperador D. Pedro II, que em seguida recebeu ordens de partir para o exílio na Europa com sua família, onde, em 16 de novembro, Deodoro mandou uma mensagem ao imperador destronado, intimando-o a deixar o país juntamente com a família imperial brasileira, dentro de 24 horas, e oferecendo-lhe a quantia de 5 mil contos de réis para seu estabelecimento no exterior. Dom Pedro II de Bragança recusou a oferta, e partiu na madrugada de 17 de novembro para Portugal, pedindo somente um travesseiro com terras do Brasil, para repousar a cabeça quando morresse.

D. Pedro II e a Família Imperial no Palácio São Cristóvão - Petrópolis/RJ. Foto de Otto Hees, a última antes do fim do Império. Da esquerda para a direita: A Imperatriz, D. Antonio, a Princesa Isabel, o Imperador, D. Pedro Augusto (filho da irmã da princesa Isabel, D. Leopoldina, duquesa de Saxe), D. Luís, o conde D'Eu e D. Pedro de Alcântara (príncipe do Grão-Pará).

     A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, quando um grupo de militares do exército brasileiro, liderados pelo marechal Manuel Deodoro da Fonseca, destituiu o imperador e assumiu o poder no país, instituindo um governo provisório republicano, que se tornaria a Primeira República Brasileira.

Henrique Bernardelli. A Proclamação da República (1892), Retrato de Marechal Deodoro da Fonseca Durante a Proclamação na Praça da República, óleo sobre tela.
280 
cm x 185 cm.

     Uma noção que também temos que ter é que, a proclamação da república foi a instauração de um regime amplamente desconhecido pelo povo, deste modo, sendo uma estratégia para manter o povo afastado dos gerenciamentos políticos, onde quem tinha mais conhecimento sobre a política era quem participava, como a classe média, os barões e os militares.

- Curiosidades da República Brasileira:

  •  Um dos motivos de Marechal Deodoro da Fonseca, monarca de carteirinha, ter se aliado a revolução republicana foi o fato dele ter sido algumas vezes humilhado publicamente pelo Imperador Dom Pedro II, o que gera uma revolta em Marechal, de modo que, ele se alie aos positivistas republicanos.

  • Com a chegada da república, acabou-se o padroado, visto que houve a separação da Igreja e do Estado. Isto, inicialmente, não foi de grande gosto para a Igreja, só com o passar do tempo eles enxergaram que aquilo de certa forma foi benéfico, a Igreja de fato perdeu algumas regalias que tinha com a monarquia, mas ganharam liberdade para gerenciar seus assuntos, além de que, agora todo dinheiro que entrava ficava inteiramente com a Igreja, sem a obrigação de ser repassado ao Estado, como no regime anterior.


Referências e Fontes de Conhecimento:

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